editorial de uma renúncia

Do dia em que acordei e tive uma leve impressão de que nada era assim tão grave...

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sexta-feira, dezembro 30, 2005

o lume da memória, do ano que passou...

Uma acha que era lume, um naco de madeira a arder, mas agora não é mais que uma tímida presença fumegante entre cinzas e pensamentos. E entre pensamentos e percepções, pode-se ver o quanto queimou nas marcas ora cicatrizadas de minhas mãos. Segurar 2005 pelas mãos e não deixar cair. Segurar suas dores e deleitar-se, com extremo regozijo, a vitória de tê-lo segurado. A bravia bravata de ter o fogo em mãos, e queimar-se, mas ser também parte deste fogo.

Esta lenha que era brasa, mas agora não é senão a memória da fogueira, que não mais aquece ou ilumina, mas indica na fumaça singela, subindo trôpega a mirar o céu, toda a potência de outrora. E se ouve luz, e se era a luz do fogo, este ano que se vai, este lume que se esvai, hoje é feito de carvão e de lembrança.

Mas que se acaba, e se se acaba, não foi o originário suspiro ígneo da criação. É apenas mais uma volta da roda doida da vida que despenca ladeira abaixo. É o fogo de palha, e palha não faltará, para fazer nova a chama das fogueiras – das paixões, se elas vierem, e das vaidades, que decerto chegarão.

Aprender? Talvez sim..., talvez, quem sabe. Melhor não substituir aquecimento por esquecimento. Talvez então roubar do lume extinto um naco negro de carvão, e desenhar em traços livres, um sol maior, um sol sorrindo, no muro em branco de 2006. E por fim... felicidades.