editorial de uma renúncia

Do dia em que acordei e tive uma leve impressão de que nada era assim tão grave...

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quarta-feira, novembro 24, 2010

Algo do giro da roda

E só porque é preciso consternar-se. Ao mirar as coisas fluidas, é preciso vê-las fluírem e permitir que elas partam, pois é assim que as coisas vagam e é assim que tudo é. Tudo, movimento. A partida não como fuga: antes: recomeço de pra lá do além da vista, e bem sabemos. As coisas renascem pros lados de lá e bem sabemos. Longe de nós, por vezes crescem para além do que permitimos, e bem sabemos.

É o olho do dono a secar o gado, é o colo da mãe a castrar a cria, é o desejo da posse a ceifar o amor. E bem sabemos: pois sangramos por sabê-lo, por sabermos que o peixe não se faz grande em viveiro pequeno, e que bom pensamento não se forma com imaginação enrustida, e que não se vive uma vida encarcerada.

Longe de nós, talvez, não se baile a festa, não se brinque a farra. Mas, longe de nós – é louvável crer – se compõe a música, e bem sabemos: é preciso. É preciso ver daqui a asa pequena ganhar o ar e buscar, em um tão distante ali, o horizonte em que lhe caiba a vista e o vôo.