editorial de uma renúncia

Do dia em que acordei e tive uma leve impressão de que nada era assim tão grave...

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domingo, maio 18, 2008

Da série ErosGrafia – parte III

(ou de como falar de sexo sem, contudo, falar em sexo)

A luminária apontava seus feixes de luz na direção da parede azulada, que rebatia a impressão distante de luz, e não ela própria. A lembrança da luminescência, vaga, granulava a visão que havia dentro do quarto. O lençol remexido e sua coloração perolada, as ondulações provocadas pelo ventilador do teto, e o aroma salgado do suor faziam crer que estavam em alto mar, e não no leito – habitual morada de dormir. Viam-se como titãs sagrados que revolviam mares num simples espreguiçar. E como todo oceano que se preze, este se vergava nas arestas com suas ondas espumantes, com suas sinas de vai-e-vem, oriundas de sabemos bem que movimentos. Arfavam, de quando em vez. Fazia horas que estavam lá. Ou eras, dependendo de que fantasias épicas eles estivessem travestidos. Travessuras tinham também, posto que joviais eram suas intenções de amores. Mordiscadas. Lambidas. Lânguidas posições. Enfim estancavam. Mais satisfeitos do que felizes. Sensíveis de tanto que se usaram. Ousaram.