editorial de uma renúncia

Do dia em que acordei e tive uma leve impressão de que nada era assim tão grave...

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quinta-feira, abril 14, 2005

Homenagem...mais que merecida.

Por estes dias, fui presenteado com uma das mais belas cenas deste mundo. Uma pessoa, uma mulher, branca qual o quê, dormindo. E aparte toda e qualquer conotação sexual – o que não é pouco, pois se trata de uma mulher bela e seminua – a cena em questão foi tão avassaladora quanto o céu de Brasília. Invadiu minha vista e impregnou minha memória. Dormindo, frágil (apesar de sua indiscutível fortaleza) e segura em seu próprio mundo de sonhos, e sabe-se lá que sonhos! Dormindo, completa, serena, e mesmo pequena, ocupava todos os espaços vazios dentro de meu quarto e – como sou grato – de mim mesmo. Uma pessoa dormindo tende a tornar-se um espetáculo na medida em que se deixar dormir enquanto o outro a observa, sem se importar com seus roncos patéticos, com suas posições ridículas, ou mesmo com a comprometedora baba saindo tímida do canto de tão suaves lábios, donde pingava tão grande desejo. O ato de ignorar os olhos de um admirador, por ter plena certeza de sua própria completude, da segurança inquebrantável de seu mundo particular e de saber o quanto é fundamental ser, às vezes, só, irradia uma plenitude que, inevitável, mostrou o indispensável fio de luz no momento de dúvida e de escuridão. Meu quarto até agora está iluminado pelas cores de sua alva existência. Enfim, este texto é uma mera desculpa para homenagear esta bela senhorita, bem como o momento de nós dois (que me deu o solavanco necessário para que eu,...assim,...digamos,...deixasse de ser besta). Acho que ela não lerá minhas letras, mas enfim, que o peso destas linhas virtuais contemplem a mais-que-sustentável leveza de seu ser.