editorial de uma renúncia

Do dia em que acordei e tive uma leve impressão de que nada era assim tão grave...

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terça-feira, abril 12, 2005

O Brasil está fadado ao sucesso!

Outro dia, tive uma longa conversa com um grande amigo. Daqueles que não se vê há tempos, e que, no mais das coisas, temos a obrigação de botar a fofoca em dia, tricotar mesmo, como fazem os homens de verdade. Enfim, depois da seção “fulano-falou-tal-coisa...e cicrano-que-anda-traindo-beltrana...”, entramos na área de política e economia de nosso governo vermelho. Como bons historiadores, vomitamos conhecimento e argumentos dos mais concretos e fundamentados, observando as possibilidades, e, claro, localizando-as no tempo e no vento de nossas falas. Mas o fundamental foi minha reflexão acerca do que – quanta pretensão – posso chamar de minha geração: alunos razoavelmente preparados para um ensino superior, egressos de focos de movimentos estudantis, que tiveram que fazer uma terapia de quatro a cinco anos para que o cordão umbilical etéreo da trupe estudantil 60/70 fosse definitivamente cortado, e que passaram os olhos numas dúzias de pensadores mais ou menos bem intencionados, mas que hoje, são profundamente pessimistas quanto aos rumos de nosso Brasil-sil-sil. Mas esperem: não se trata do discurso fácil de um possível retardatário rebelde sem causa! Trata-se, antes, de uma estarrecedora – dada seu paradoxo – constatação: o Brasil está fadado ao sucesso! Ok, pedras e mais pedras...”O Thaiguinho surtou”, posso ouvir daqui. Mas é uma “acusação” séria a que faço a meu país. Acredito mesmo que os rumos de nossa economia estão direcionados para o sucesso – ou aquilo que nos pedem para acreditar que seja um sucesso –, fazendo com que, daqui a uns dez ou quinze anos, possamos ser chamados de filhos-de-uma-puta pelos nossos hermanos que, provavelmente, deverão ser sugados até o fim pelo Impávido Colosso. Daí o fadado! Acho que seremos os próximos filhos-de-uma-puta americanos.

Mas antes que alguém me venha com os argumentos mais convincentes, de que não é bem assim, de que minha visão é muito limitada, de que meus argumentos são fracos, de que meus declarados devaneios não são concretos, recomendo a leitura – maldição, lá vem o historiador babaca perguntar “o que foi que você leu?”, hehehe – de uma interessante matéria da Carta Capital (Economia: o enigma 02 de fevereiro de 2005 p. 8-18) que trata justamente de discorrer sobre nossa incapacidade de observar esta mística poética chamada de “A Economia”, com a visão de conjunto de que nos falam os incansáveis comentaristas políticos. De toda a sorte, acho legal a reflexão: e se o tal do Brasil der certo, lembraremos de nossos momentos estudantis, de quando era legal meter o malho na glória estadunidense?